Uma disputa travada no conselho da Telecom Italia pode resultar na venda da TIM, segunda operadora de telefonia móvel do Brasil.
A Telecom Italia é dona da TIM e também tem subsidiária na Argentina. Hoje, 80% do caixa sai da matriz.
O Brasil (TIM) contribui com 10%, mesmo peso da filial argentina. A rentabilidade da operação brasileira é quase a metade da italiana.
Nesse cenário, a venda da TIM seria uma das saídas para obter recursos, turbinar a infraestrutura (rede) com fibras ópticas e, assim, preservar a "galinha dos ovos de ouro" --a operação italiana.
A Folha apurou que essa opção é defendida pela Telco, empresa que possui 22,4% da Telecom Italia e é formada por Assicurazioni Generali, Mediobanca, Intesa Sanpaolo e a Telefónica.
Generali e Mediobanca querem sair da empresa e, juntamente com a Telefónica, são contrários à ideia que está no conselho: um aumento de capital de até € 3 bilhões ou um corte de dividendos, que seriam reinvestidos.
Na Telecom Italia, as decisões são tomadas por 15 conselheiros. A Telco possui quatro representantes e dois são da Telefónica. Há ainda sete independentes, que poderiam ser convencidos a optar pela venda da TIM. Somados, teriam poder de decisão. Hoje, não há consenso.
Para testar a força da Telco na Telecom Italia, o Findim Group, um dos acionistas minoritários da operadora italiana, marcou uma assembleia para dezembro. Na pauta está a destituição dos conselheiros da Telco por um suposto conflito de interesse.
Caso não seja aprovada, ficaria explícita a interferência da Telco no comando da Telecom Italia. Assim, os minoritários poderiam pleitear uma oferta de compra do controle da Telecom Italia pela Telco, uma transação de, pelo menos, € 15 bilhões.
Enquanto isso, o Findim trabalha para reunir, entre os conselheiros independentes, votos contrários à venda da TIM e favoráveis ao aumento de capital. Até agora, conseguiu somente 10%.
A Telefónica tornou-se acionista da Telecom Italia em 2007 e, naquela época, o Cade, a autoridade brasileira que defende a competição no país, impôs barreiras. Os espanhóis teriam de se retirar das reuniões da Telecom Italia em que o assunto TIM fosse discutido.
Motivo: a Telefónica é dona da Vivo, líder do mercado de celular no Brasil.
O imbróglio acentuou-se no final de setembro, quando a Telefónica pagou € 325 milhões para ampliar sua fatia na Telco. Saltou de 46,5% para 66% de participação (com ações sem voto) e chegará a 70% em janeiro, comprando as fatias de Generali e Mediobanca.
Essa transação aumentará a influência da Telefónica na Telecom Italia e, por conseguinte, na TIM. O Cade já enviou ofício, cobrando as reais intenções da Telefónica.
O grupo espanhol respondeu que nada mudará, mesmo ampliando sua participação na Telco.
Mas, segundo apurou a reportagem, a ideia da operadora espanhola é assumir o comando da Telco ao mesmo tempo em que o conselho da Telecom Italia decidir sobre a venda da TIM.
Oficialmente, a Telecom Italia afirma que a TIM não está à venda.
Fonte: Fohla de Sao Paulo