Michelle Bachelet, 62, foi eleita ontem a nova presidente do Chile. A candidata da aliança de centro-esquerda Nova Maioria (ex-Concertação) obteve 62,16% dos votos, contra 37,83% de Evelyn Matthei, da coalizão de centro-direita Aliança.
Será a segunda vez que a pediatra Bachelet governará o país. A primeira foi entre 2006 e 2010. No Chile não há reeleição.
"O Chile olhou para sua trajetória, para seu passado recente, suas feridas. E esse Chile decidiu que é o momento de iniciar transformações profundas", afirmou Bachelet em seu discurso de vitória para uma multidão no centro de Santiago. "Não há receitas mágicas e não estamos escolhendo o caminho fácil. Nunca foi fácil mudar o mundo para melhor."
A apuração dos votos em cédula foi rápida e, às 19h20 no Chile (20h20 em Brasília), Matthei reconheceu a derrota e chorou. "O resultado é de minha exclusiva responsabilidade política", disse a ex-ministra do Trabalho.
Ela felicitou Bachelet e desejou que a socialista faça um bom governo. "Ninguém que ame realmente o Chile pode querer o contrário", disse.
Assim como no primeiro turno, a abstenção no pleito foi alta: 53% dos 13,6 milhões de eleitores não compareceram às urnas na primeira disputa presidencial no país com voto voluntário.
Antes mesmo da divulgação dessa taxa, setores da Aliança diziam que a vitória de Bachelet não seria legítima devido ao baixo comparecimento nas urnas.
"A legitimidade quem dá são as regras da democracia. E hoje as regras que temos são essas, é o voto voluntário", disse Bachelet ao votar.
A campanha de Bachelet se concentrou em três propostas de reformas: tributária, educacional e constitucional. Os protestos estudantis em 2011 levaram a socialista a prometer educação gratuita em seis anos, já que no Chile o ensino superior é 100% privado.
O futuro governo de Bachelet terá maioria no Congresso: a Nova Maioria conta com 68 deputados e 21 senadores, contra 48 e 16, respectivamente, da Aliança.
Esse quórum permite a aprovação da reforma tributária, que necessita de 61 votos na Câmara e 20 no Senado. Já para a reforma educacional, esse número passa para 69 e 22, respectivamente. Nesse caso, um dos quatro deputados eleitos por partidos independentes teria que votar com a Nova Maioria.
A reforma mais difícil de se realizar será a da Constituição, que demanda 80 votos de deputados e 25 de senadores.
Fonte: Fohla de São Paulo