Uma nova geração de economistas chega à maturidade mais interessada em estudar como a educação e as instituições interferem no desenvolvimento do que a inflação. Não que o problema que marcou a geração de Luiz Carlos Bresser-Pereira, Mailson da Nóbrega e Pérsio Arida tenha sido superado.
Mas, passado o descontrole total da hiperinflação, do período pré-Plano Real, os novos economistas puderam se "libertar", como dizem, para estudar outros e relevantes entraves ao país.
A geração que concluiu a formação acadêmica após 1994 foi atraída por questões como o funcionamento do mercado de capitais, a informalidade e os impactos da violência e da baixa qualidade da saúde pública no desempenho econômico.
A geração que concluiu a formação acadêmica após 1994 foi atraída por questões como o funcionamento do mercado de capitais, a informalidade e os impactos da violência e da baixa qualidade da saúde pública no desempenho econômico.
No campo macroeconômico, fortalecido com a crise global de 2008/2009, passou a existir um interesse mais focado em compreender como as decisões de governo são assimiladas pelos mercados. E ainda uma tentativa maior de mensurar os resultados da adoção dessas políticas.
"Acabar com a inflação era algo que todo economista gostaria de fazer. Com a estabilização macroeconômica, veio a pergunta: 'O que vamos estudar?'", lembra o economista João Manoel Pinho de Mello, 40, do Insper. Recentemente, ele estudou o impacto do Bolsa Família nos índices de criminalidade e do tempo de TV no sucesso eleitoral de um candidato, em um ramo da economia aplicado às ciências sociais.
Outro propulsor dessa transformação, apontado pelos próprios economistas, foi o desenvolvimento das escolas de economia no Brasil. O investimento aumentou, e a carreira acadêmica ganhou prestígio. Centros dedicados à pesquisa econômica passaram a ser bancados pelo setor privado, como a Fundação Getulio Vargas, a PUC-Rio, o Ibmec e o Insper.
Entre a nova geração ficou frequente o hábito de estudar no exterior, de onde eles trouxeram o gosto pela pesquisa e pela análise de dados com a ajuda da estatística. Seus resultados são medidos por publicações, citações e prêmios de teses e dissertações.
A Folha selecionou dez jovens economistas brasileiros que despontam na academia. Em comum, todos tiveram parte dos estudos no exterior. Poucos ambicionam um cargo no Ministério da Fazenda, e a maior parte rejeita o "Fla-Flu" instalado no Brasil que tenta dividir o pensamento econômico entre heterodoxos versus ortodoxos. Cada vez mais, as diferentes escolas adotam métodos de análise semelhantes.
Fonte: Fohla de São Paulo